História do café

De acordo com a lenda, o café foi descoberto na Etiópia quando pastores notaram que seus rebanhos ficavam acordados a noite inteira depois de se alimentarem com folhas e frutos do cafeeiro. O café chegou à Arábia no séc. XIII. A palavra café deriva do árabe qahwah . Antes de ser usado como o conhecemos há 700 anos, foi uma comida, depois vinho e também remédio. O café passou da Arábia para a Turquia durante o séc. XVI e para a Itália no princípio do séc. XVII. Durante esse século, surgiram casas de café em toda a Europa e as pessoas se encontravam ali para discussões sérias. O café provavelmente veio para a América na segunda metade do séc. XVII.
Por causa das oscilações de preço, os países exportadores de café tentaram por muitos anos controlar o mercado internacional. Primeiro concordaram em fixar cotas para as exportações de cada país. Também tentaram controlar os preços, armazenando uma parte do café em vez de exportá-la. Essas tentativas datam de 1902; no entanto só em 1936 foi criado o Bureau internacional do Café . Em sua terceira conferência, em 1943, foi assinado um acordo de controle da produção, que vigorou até 1948. A última conferência do Bureau, em 1958, criou a Organização Internacional do Café (O.I.C.), da qual participam países produtores e exportadores. Os produtores aceitam exportar cotas; os importadores aceitam observar um preço mínimo e limitar suas compras de países não signatários do acordo. Em 1971, numa reunião dos dez maiores produtores, foi denunciado o favorecimento dos países consumidores que têm o mesmo número de votos na O.I.C. que os produtores. 

O Café no Brasil
 


A Introdução da Cultura cafeeira no Brasil data de 1727, quando algumas mudas foram trazidas da Guiana Francesa e plantadas em Belém do Pará. Em 1731, saíram pequenas quantidades de café do norte do Brasil para Portugal, onde o consumo era pequeno. Na mesma época, entretanto, já havia uma bolsa de café em Nova York. Enquanto o Reino Unido diminuía seu consumo, substituído pelo de chá da Índia, o da sua colônia na América do Norte aumentava. Os E.U.A., após a independência, foram um dos primeiros países a importar café do Brasil.

Expansão. O cafeeiro não se fixou na região amazônica por falta de condições naturais apropriadas. Dali, foi levado para o Nordeste, também sem resultados satisfatórios. Em 1780, já havia pequenos cafezais na Bahia. O café chegou ao Rio de Janeiro aproximadamente em 1760, vindo do Maranhão: os padres capuchinhos plantaram algumas mudas em sua horta. Dessa plantação, as mudas e sementes espalharam-se pelo atual estado do Rio de Janeiro, tendo a província de Vassouras se transformado na capital do café brasileiro nas primeiras décadas do séc. XIX. Após a independência, a predominância do café na economia dessa província já era evidente. Até 1860, a província do Rio de Janeiro manteve-se em primeiro lugar na produção de café. Em 1859, sua posição em relação ao total da produção brasileira atingia 78,5%, ficando São Paulo em segundo lugar, com 12,1%.

A Cultura Paulista começou na década de l790. A partir de 1850, fazendeiros paulistas introduziram imigrantes na cultura do café. Para dar bom rendimento, o cafeeiro precisa de terra de qualidade muito boa e tratamento cuidadoso. A introdução do colono europeu nos cafezais atendeu a essa segunda exigência. Assim, cerca de 1860, a produção do vale do Paraíba cresceu tanto que a província de São Paulo passou a ser o principal centro produtor de café do país. A partir de então, o café ganhou importância crescente na economia brasileira, fazendo com que as velhas regiões agrícolas do Norte ficassem em plano secundário diante das mais recentes no Centro-Sul.

Esgotada a fertilidade do solo, os cafezais, como aconteceu na região fluminense, foram deslocados também do vale do rio Paraíba para o planalto de São Paulo. A orientação era a ocorrência de terras roxas. Enquanto o grande centro produtor de café foi o vale do rio Paraíba, sua comercialização se fez através da capital do país, tornando-se o Rio de Janeiro o centro financeiro e controlador da economia cafeeira. Com o deslocamento dos cafezais para o planalto de São Paulo na última década do séc. XIX, a exportação passou a ser realizada pelo porto de Santos (o documento mais antigo sobre a exportação de café através de Santos é de 1795), dividindo a centralização econômica do produto. Data de então o surto de desenvolvimento paulista. Os cafeicultores, usando técnicas deficientes e capitais escassos, persistiam na lavoura extensiva e na grande propriedade, onde 62% da área cultivada eram ocupados por fazendas com mais de 500ha. A cultura paulista diferenciou-se da fluminense porque introduziu beneficiamento do produto através de meios mecânicos de alguma complexidade.

A Economia Cafeeira . O café proporcionou um novo ciclo econômico no Brasil, criando novas possibilidades de acumulação de capital, provocando as condições básicas para a industrialização. Depois dos senhores de engenho, que foram os "barões do açúcar", os fazendeiros, ou "barões do café", se constituíram na camada dirigente brasileira. Passado o período de governo militar após a Proclamação da República, os três primeiros presidentes civis foram paulistas. Desde a década de 1890, o Brasil se tornou o maior produtor mundial de café.

No ano de 1906, ocorreu uma superprodução de café. A fim de evitar uma crise grave, medidas comuns para a defesa dos preços do produto foram tomadas. O convênio de Taubaté marca o início da política de valorização cafeeira. A insistência na execução dessa política custou muito caro aos produtores e à economia brasileira em geral por relacionar-se às dividas externas. O governo passou a intervir no mercado para a valorização do café, que se fez pela retenção das sobras de exportação e do consumo interno. Com a subida dos preços, todos os países com solos adequados começaram a desenvolver a cultura do café e a competir no mercado mundial.

De 1920 a 1930, a produção brasileira alcançou 167 milhões de sacas, sendo exportadas 137 milhões. Os países concorrentes, com participação inexpressiva no mercado, exportaram oito milhões. O craque da bolsa de Nova York, em 1929, provocou o craque do café. O governo Getúlio Vargas utilizou dois recursos para contornar a crise do café: eliminação dos estoques (na década de 1930 foram queimadas 71 milhões de sacas, quantidade que daria para atender ao consumo mundial por três anos) e expansão das exportações. Em 1933, foi criado o Departamento Nacional do Café , que controlou a economia cafeeira até o ano de 1946, quando foi extinto em conseqüência de uma política econômica antiintervencionista. O Insituto Brasileiro do Café (I.B.C.) foi criado em 1952 para controlar nova crise de superprodução. O I.B.C. tinha um conselho-diretor constituído por representantes dos dez estados produtores de café, sendo seu presidente nomeado pelo presidente da República. Na década de 1970, o panorama cafeeiro no Brasil apresentou notável alteração, com São Paulo voltando a liderar a produção. Em 1990, durante a política de privatização do governo Fernando Collor de Mello, ocorreu a extinção deste orgão.

A análise da participação do café no valor das exportações brasileiras explica a posição do Brasil. Em 1955, o café chegou a atingir 78% da receita total; já no início da década de 1970, desceu a 36%.

As crises econômicas brasileiras no passado sempre estiveram intimamente ligadas à monocultura de exportação. A partir da década de 1970, a política financeira do país vem-se orientando para, dentro de alguns anos, ser o café apenas um entre os principais produtos de exportação, prevalecendo os industrializados. O I.B.C. suspendeu o fornecimento destinado ao mercado interno, passando o comércio a adquiri-lo diretamente dos produtores, sem subsídio governamental, o que provocou redução do consumo. Entretanto, para evitar aumento no preço do varejo, o I.B.C. voltou em 1971 a subsidiar o consumo, cedendo café para o mercado interno.

Os maiores importadores do café brasileiro são os E.U.A., o Mercado Comum Europeu, a Associação Européia de Livre Comércio, o Conselho de Assistência Mútua e a Associação Latino-Americana de Livre Comércio. Na segunda metade da década de 1970 o café passou a concorrer com outros produtos agrícolas, como a soja, sofrendo um pequeno desestímulo a produção. Em 1985, o estímulo veio com o aumento das cotas de exportações do produto provocado pelo crescimento do consumo do mercado norte-americano. A melhoria das técnicas de produção e o combate sistemático às pragas da lavoura melhoraram a produtividade nos anos noventa.

Classificação Científica. O café pertence à família Rubiaceae , no gênero Coffea , que tem majs de 70 espécies. Dentre elas, apenas três têm interesse econômico: C arabica , C. canephora e C. liberica .